quarta-feira, 17 de abril de 2013

Inteligência Aprisionada-Um breve resumo

Um breve Resumo
 
Inteligência Aprisionada

Desenvolvimento da abordagem clinica da criança e sua família que permeiam o processo dos problemas de aprendizagem. A estrutura de toda instituição, tem como função a conservação de uma experiência recebida como um olhar clínico sobre a aprendizagem e suas fraturas principalmente na abordagem e na conceitualização de sua aprendizagem e sua ruptura.
Essa abordagem trata-se de de recuperar as vantagens que este âmbito no qual a criança vive apesar de suas carências e assim inversamente ver o que podemos inclui no processo de ensino-aprendizagem, muitas crianças mostram a sua criatividade encapsulada.
O não aprender as vezes tem uma função positiva, da-lhe certo prazer, permite barganhar em algumas situações, não se pode interpretar um problema de aprendizagem sem saber aonde ele esta preso, no simbólico, para tal é necessário observar o funcionamento cognitivo.
Devemos saber enxergar as dificuldades trazidas pelas crianças, e da mesma forma ajudá-la a superá-la.
Um diagnóstico precoce tem eficácia para o paciente. A função da educação pode ser alienante ou libertadora, depende de como for usada.
O sintoma problema da aprendizagem é a inteligente aprisionada construindo de forma constante seu aprisionamento. não é característica da inibição a alteração no pensar, mas evitar o pensar.
os sistemas familiares estruturados e estruturantes de indiferença são um terreno fértil para a gestação de sintomas na aprendizagem. reconhecendo a importância desses aspetos é necessário ajudar as crianças a se libertarem para a aprendizagem. identificar sempre as dificuldades apresentadas pelas crianças, no processo ensino aprendizagem.
Alicia Fernàndez em "A inteligência aprisionada" nos traz a percepção para além da via, da estrada, aguçando nosso olhar para uma concepção de processo da aprendizagem em que
o ensinante** - portador do conhecimento - estabelece uma relação entre este e o aprendente*** - sujeito pensante e portador de sua inteligência - através de seus vínculos firmados.
Esta relação é permeada por alguns fatores que, quando postos em jogo, proporcionam o aprendizado. São eles: "seu organismo individual herdado, seu corpo construído especularmente, sua inteligência auto-construída interacionalmente e a arquitetura do desejo, desejo que é sempre desejo do desejo de Outro".
Para se compreender a questão ‘como é que se aprende’, é necessário ter em mente que a presença do ensinante** e do aprendente*** é fundamental, e o vínculo que se estabelece entre ambos é essencial.
Segundo Sara Paín, psicopedagoga argentina que muito influenciou Alicia Fernàndez: “A aprendizagem é um processo que permite a transmissão do conhecimento de um outro que sabe a um sujeito que vai chegar a ser sujeito, exatamente através da aprendizagem”.
O ensinante** pode transformar o ensinar em conhecimento, através de quatro instâncias de elaboração (orgânica, corporal, intelectual e desejante) e somente ao integrar-se ao saber, o conhecimento é aprendido e pode ser utilizado.
O sujeito da aprendizagem possui um saber que o sustenta.
Um saber que é produto de sua busca pelo conhecimento, pelo aprender.
O processo da aprendizagem acontecerá mediante a articulação de quatro instâncias: desejo, inteligência, organismo e corpo. Estas quatro instâncias constituem o sujeito aprendente***, que por sua vez se constroem ou se instalam através de uma inter-relação constante e permanente com o meio familiar e social.
Enfim, Alicia Fernàndez nos trouxe uma dimensão humana para a concepção de sujeito da aprendizagem em que o cuidado ao tratar de tal questão se torna evidente até na escolha dos termos que caracterizam os sujeitos envolvidos neste processo, nos demonstrando que são muito mais que professor-aluno, pai-filho, irmã-irmão, ..., e, são, sim, ensinante** e aprendente***
Novamente enfatizamos que a aprendizagem é um processo em que intervêm a inteligência, o corpo, o desejo, o organismo, articulados a um determinado equilíbrio, mas a estrutura intelectual necessita também de um equilíbrio para estruturar a realidade e sistematizá-la. Isso acontece através de dois movimentos que Piaget definiu como: assimilação e acomodação.
Assimilação é o movimento do processo de adaptação pelo qual os elementos do ambiente alteram-se para ser incorporados à estrutura do organismo.
Acomodação é o movimento do processo de adaptação pelo qual o organismo altera-se, de acordo com as características do objeto com o qual se relaciona.
Para Alicia Fernàndez estes movimentos de adaptação proporcionam a arquitetura para a atribuição simbólica de significações pessoais aos processos de aprendizagem individuais.
O organismo se sustenta e cresce por meio das relações que faz com o ambiente no qual está inserido. A partir dessas relações ele consegue se adaptar (utilizando-se dos movimentos acima mencionados). Para que ocorra uma adaptação inteligente é necessário que a acomodação e a assimilação se encontrem em equilíbrio sem que uma predomine excessivamente sobre a outra.
Sara Paín observa a constituição de diferentes modalidades nos processos representativos que interferem na formação deste equilíbrio. Podem ser descritos como: hipoassimilação/hiperacomodação, hipoacomodação/hiperassimilaçãoA presença dessas modalidades interfere nas respostas produzidas pelo organismo em sua relação com o meio e conseqüentemente interfere no processo da aprendizagem.
Uma aprendizagem normal supõe uma modalidade de aprendizagem na qual se produza um equilíbrio entre os movimentos assimilativos e acomodativos.
Aprender é apropriar-se, apropriação que se dá a partir de uma elaboração objetivante e subjetivante.
A elaboração objetivante permite apropriar-se do objeto ordenando-o e classificando-o. A elaboração subjetivante tratará de reconhecer e de apropriar-se desse objeto a partir das experiências que o sujeito tem sobre este objeto. Esta dinâmica acontece a partir da articulação das quatro instâncias que constituem o sujeito (desejo, inteligência, organismo e corpo) e do vínculo que este sujeito estabelece com o outro (ensinante** e aprendente***).
Vale a pena ressaltar a frase inserida no livro “O saber em jogo”, de Alicia Fernàndez: “Aprender é quase tão lindo quanto brincar”.
O aprender acontece de forma gradativa, vai construindo o seu saber, investigando, brincando e criando. Tendo ao seu lado um ensinante** pronto a colaborar, atento as suas necessidades e expectativas. Alguém que valoriza suas experiências e descobertas e que lhe
dá a liberdade para ser, criar e conquistar.

Problema de Aprendizagem

Problemas de aprendizagem se apresentam na ordem de causas externas à estrutura familiar e individual do que fracassa em aprender ou na ordem de causas internas à estrutura familiar e individual.
É chamado de problema de aprendizagem reativo ao problema de causas externas à estrutura familiar, que não chegam a aprisionar a inteligência e, para serem trabalhadas na prática, deveríamos ter professores ensinando com prazer e proporcionando prazer para seu aluno ao aprender. Isto seria possível, inicialmente, com criação de planos de prevenção nas escolas visando não só este objetivo, mas também o desenvolvimento do psicopedagogo/educador, quando o fracasso escolar está posto, deve ter a postura de indicar caminhos e meios de ação que favoreçam a não constituição de um sintoma neurótico em relação ao fracasso do ensinante** que encontra empatia no sujeito e sua família.
A postura do psicopedagogo/educador frente ao fracasso escolar que provém de causas internas à estrutura individual e familiar do sujeito e que se expõe através de sintoma ou inibição terá de ser especializada, voltada para o sujeito, mãe, com meios de atuação e atividades específicos. Já que este problema de aprendizagem afeta a dinâmica individual, interferindo na articulação entre as instâncias da inteligência, do desejo, do organismo e do corpo, levando ao aprisionamento da inteligência e da corporeidade. É aí que a atuação do psicopedagogo/educador deve se centrar, buscando a transformação.

O sintoma-problema da aprendizagem é o que impõe o aprisionamento do aprender através de desejos inconscientes. Há a possibilidade, mas não há o desejo. Quando falamos de problema de aprendizagem reativo, vemos que pode haver o desejo, mas não oportunidade.
Esta questão de problema de aprendizagem está intimamente relacionada às questões sociais e requerem do psicopedagogo/educador novas posturas frente a tais questões e também iniciativas de prevenção.

A compreensão da dimensão social do problema de aprendizagem nos ajuda a diferenciar seu caráter sintomático/inibidor como o que o sistema sócio-educativo proporciona (tirando as possibilidades de aprender).

Não há regras a respeito deste tema. Pode-se ter evidências de problema de aprendizagem em instituições consideradas excelentes e não se demonstrar casos em ambientes sem estímulos ou ínfimos em relação ao seu sistema educativo.

Existem três formas possíveis de manifestação individual do problema de aprendizagem:

A primeira é o problema de aprendizagem-sintoma o sintoma é o mostrar-se inconscientemente e, para o seu entendimento é necessário o estudo acerca da história do sujeito, que nos dará aquilo que faz a “amarra simbólica”. Assim, possibilitará a eliminação do sintoma, também compreendido como um “disfarce de si mesmo”, que aprisiona a inteligência, a capacidade de aprender, propriamente dita.

Esta é a particularidade do sintoma na aprendizagem: aprisionar a inteligência que não é parte do corpo e sim parte do inconsciente e a aprendizagem é função em que participam as estruturas inteligentes e desejantes, inconscientes.
Podemos e devemos apontar os caminhos para que “solte-se” a inteligência aprisionada, mas temos que saber que o próprio sujeito, e só ele, dará o primeiro passo em busca da sua “liberdade”.

O segundo problema de aprendizagem está centrado na exibição cognitiva menos comum que os sintomas, requer um “aparato psíquico mais evoluído”. Caracterizando-se pela evitação ao contato com o objeto do pensamento. Não se altera o pensar, mas sim, evita-se pensar, assim como se evita o aprender. O psicopedagogo/educador encontrará mais dificuldade para lidar com a inibição cognitiva do que com o sintoma, e sua abordagem deverá ser diferente.

Na inibição, a modalidade de aprendizagem apresenta-se como hipoassimilação/hipoacomodação enquanto que no sintoma a modalidade de aprendizagem refere-se ao conflito e desequilíbrio, mostrando-se como hiperassimilação/hiperacomodação ou vice-versa. 

O terceiro problema de aprendizagem chamamos de fracasso escolar por problema de aprendizagem reativo determinado por fatores externos ao sujeito, demonstra-se na instituição sócio-educativa, que expulsa o aprendente* e promove o repetente exitoso, que se acomoda ao sistema, reproduz, não exerce a autoria, porém vence através da repetição do que outros querem, e o fracassante, que não tem o seu saber reconhecido, que o fracasso é um problema é um problema reativo a um sistema que não os aceita e é obrigado a acumular conhecimentos.

Vemos aí uma teia de significações em que o psicopedagogo/educador deve se posicionar a fim de que o aprendente*** possa transformar e libertar sua inteligência até então aprisionada.


A Psicopedagogia  em busca de sua Fundamentação Teórica
 
Enquanto campo de conhecimento humano, a Psicopedagogia tem sido influenciada por diversas correntes teóricas e, em seu histórico, sempre esteve voltada para as questões relativas à aprendizagem. Nas décadas de 50 e 60 do século passado, em seu iniciar, a visão predominante era a médica.
Nesta visão, buscava-se enfocar problemas que ocorriam com os sujeitos em relação à aprendizagem a partir de uma abordagem neuropsicológica, já que a existência de problemas de aprendizagem apresentados por tais sujeitos gerava fracassos no espaço e no tempo da escola e, para que se chegasse a sua solução, deveria investigar qual era a dificuldade, qual era o problema.
Nos anos 60 e 70, a Psicopedagogia interessou-se pelos condicionamentos, saindo da abordagem focada apenas nas possíveis falhas e avaliando os desempenhos dos sujeitos em situação de aprendizagem numa perspectiva behaviorista.
Considerando os porquês das dificuldades e dos problemas de aprendizagem nos sujeitos, os estudos psicopedagógicos da década de oitenta mudam o enfoque e passam a ser consideradas as diferentes influências do meio social e cultural, abandonando a perspectiva de somente observar como estas dificuldades e problemas se manifestam.
 A visão que surge, então, é considerada como sendo uma visão social, levando em conta a relevância das influências do meio sócio-cultural para a aprendizagem. As idéias de Lev S.Vygotsky ganham espaço e fundamentam novas perspectivas para se compreender as dinâmicas presentes nos processos de aprendizagem, construindo um perfil profissional psicopedagógico baseado na interdisciplinaridade como metodologia e proposta de adoção de estratégias de intervenção e pesquisa.
É um momento bastante fecundo, onde novas teorizações e aportes significativos surgem como elementos fomentadores da práxis psicopedagógica que, a partir de então, ganha novas perspectivas de ação e novos espaços para sua inserção. Na década de 90, com os avanços em outros campos do saber humano, principalmente das Neurociências, da Biologia, da Sociologia e da Psicolingüística, entre outras revisões epistemológicas, a Psicopedagogia insere-se, definitivamente, como um a área de atuação e um campo do saber humano interdisciplinar.
Com isso, a Psicopedagogia avançou no sentido de objetivar, cada vez mais, o sujeito na construção de sua autonomia, vinculando o eu cognoscente as suas relações com a aprendizagem. Processos de investigação sobre a construção, integração e expansão deste sujeito aprendente se tornam cada vez mais presentes na pesquisa psicopedagógica e é muito rica a produção que podemos notar neste período.
O processo de aprendizagem passa a ser tema essencial para se compreender a construção do sujeito cognoscente, meta maior a ser alcançada para que ele se torne capaz de ser o próprio responsável pela construção do conhecimento.
 
   O Ser e o saber na construção do sujeito cognoscente
 
Numa perspectiva tradicional, sabemos que a aprendizagem tem sido compreendida como pista de mão única, onde o professor possui a tarefa de repassar o saber para o aluno, percebido como um ser que precisa receber este saber, sem que nenhum outro processo seja válido.  Desconsiderando as relações sociais, nesta visão do processo de aprendizagem, somente o professor detém o saber e entre alunos e professores nenhuma outra espécie de vínculo pode haver a não ser esta: o professor sabe e o aluno não sabe, portanto, a tarefa educativa deve ser a de repassar o que o professor sabe para o aluno, que, supostamente, nada sabe e só vai aprender se receber o saber.
Na atualidade, muitos são os movimentos pedagógicos para mudar definitivamente este modo de fazer educação, visto que existem diversos trabalhos e diferentes práticas que propõem mudanças de olhar e percepção sobre a aprendizagem, redefinindo os agentes de todo o processo e seus respectivos papéis.
Da pista de mão única à de mão dupla: uma boa metáfora para pensarmos sobre o par conceitual ensinantes e aprendentes, em processos de aprendências e ensinagens.  Em muitos momentos, é preciso criar novos campos semânticos para mudarmos nossas percepções e nossos paradigmas: a construção de novas idéias remete-nos a necessidade de buscarmos novas expressões, para significar novas possibilidades, e como isso, trazer mudanças ao nosso pensar.
No caso especifico do par conceitual aqui colocado, o que considero essencial é relacionar aprendentes e ensinantes como caminhantes, numa mesma direção. A poética que tal modificação induz ao nosso pensar é que, aos estarmos juntos nos processos de aprender e ensinar, de lidar com informações, conhecimentos e saberes, é possível elaborarmos em parceria vínculos como passaporte para a aprendizagem.
Em "A inteligência aprisionada” , Alicia Fernández trabalha esta importante questão, quando elabora idéias para refletirmos sobre uma concepção de processo da aprendizagem onde o aprendente é considerado como um sujeito pensante, portador de sua inteligência e onde ao ensinante, através dos vínculos que conseguem firmar, é portador do conhecimento: nesta relação, aprendentes e ensinantes estabelecem uma relação entre fatores que, quando colocados em jogo, facilitam processos de aprendências, com gosto de denominar.
E que fatores são estes? Pelo que aprendi com Alicia é o organismo individual que o aprendente herdou, o seu corpo, construído de modo especular, e a sua inteligência, que é auto-construída nas interações e na arquitetura do desejo, que sempre é o desejo de outro.
Assim, é essencial o vínculo que se estabelece entre ensinantes e aprendentes, para compreendermos o como aprendemos. Sara Paín, referencial também importante para nossos estudos em Psicopedagogia, nos convoca a pensar que a aprendizagem é um importante processo que nos permite vivenciar a transmissão do conhecimento de um outro que sabe, para um aprendente que vai tornar-se sujeito e desenvolver sua subjetividade pelo fato de estar em processo de aprendizagem. 
Tal processo, entretanto, só acontece de modo qualitativo quando o ensinante consegue utilizar as instâncias do orgânico, do corpo, do intelecto e do desejo, integrando ao saber de cada aprendente conhecimentos aprendidos e que podem ser utilizados de modo significativo, transformando assim, o ensino em conhecimento.
Aprendentes, como sujeitos da aprendizagem, possuem saberes que os sustentam e tais saberes são frutos de seus próprios movimentos e buscas por novas aprendizagens e novos conhecimentos. É na articulação do organismo, do corpo, do desejo e da inteligência que o aprendente, como sujeito, se constitui. No movimento que faz ao interagir com a família e a escola, com as instituições, com os outros, enfim, o aprendente constrói a sua modalidade de aprendizagem, de modo constante e permanente.
Assim, o ser e o saber na construção do sujeito cognoscente, do sujeito aprendente, é tema essencial para buscarmos aprofundamentos teóricos e reflexivos, que nos conduzam a pensar nas complexas dinâmicas presentes no ato humano de ensinar e aprender.
 
   As complexas dinâmicas no ato humano de ensinar e aprender: idéias, processos e movimentos para pensar em Aprendizagem.
 
Diante dos  referenciais admitidos pode-se perceber que a aprendizagem é um processo onde o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo articulam-se em busca de determinado equilíbrio. Entretanto, a estrutura intelectual, de acordo com Jean Piaget precisa de equilíbrio para estruturar o conhecimento do real e, assim, sistematizá-lo por meios dos movimentos de assimilação e acomodação
Com o estudo deste importante autor, aprendemos que assimilação pode ser compreendida como movimentos dos processos de adaptação, através dos quais os elementos presentes no ambiente são alterados, com o intuito de serem incorporados à estrutura do organismo.
Já por acomodação, conforme aprendemos em Piaget, entendemos como sendo os movimentos que elaboram os processos de adaptação que alteram o organismo, em concordância com as características do objeto com o qual se relaciona.    
Assim, o organismo é sustentado e evolui através das relações que consegue estabelecer com o ambiente onde se insere e, deste modo ele se adapta, utilizando-se dos movimentos de assimilação e acomodação.
De acordo com Alicia Fernández, são estes movimentos de adaptação que configuram a arquitetura onde a atribuição simbólica de significações próprias, que o sujeito aprendente faz, em relação aos processos de aprendizagem onde interage.Entretanto, para que todo este processo favoreça adaptações inteligentes, é necessário que os movimentos de acomodação e assimilação estejam em equilíbrio, ou seja, um não pode predominar em excesso sobre o outro. Com os estudos de Sara Paín é possível observar os processos de hipoassimilação /hiperacomodação, e de hipoacomodação/hiperassimilação, que constituem as diferentes modalidades presentes nos processos representativos que afetam a formação deste equilíbrio. 
Tais modalidades interferem tanto nas reações e respostas que o organismo produz em sua interação com o meio, quanto nos processos de aprendizagem, que se pressupõe normal quando esta é produzida numa relação onde os movimentos assimilativos e acomodativos apresentem-se em equilíbrio.
São as elaborações objetivantes e subjetivantes que farão com que o sujeito aprendente e desejante, de fato, aprenda, pois aprender é apropriar-se, e tal apropriação permite que o objeto do conhecimento, da aprendizagem, seja ordenando e classificado. No aspecto subjetivo, tal movimento irá gerar o reconhecimento e a apropriação do objeto, como resultado das vivências e das experiências que o aprendente obteve com sua relação e interação com este objeto. Vale a pena relembrar que todo este processo ocorre na articulação das instâncias do organismo, do corpo, da inteligência e do desejo que constituem o mover-se do sujeito aprendente, além dos vínculos que consegue estabelecer com os outros aprendentes e com os seus ensinantes.
Todas estas idéias favorecem o nosso pensar, agir e refletir para as questões relativas à aprendizagem em nosso tempo. Se o aprendente se faz sujeito desejante de modo gradativo, a construção do seu saber deve ser investigada e analisada. Cabe a todo ensinante ser ponto de referência, suporte colaborativo e atencioso, observando expectativas e necessidades e valorizando, cada vez mais, as construções e descobertas de seus aprendentes. 

Sugestão Bibliográfica:  


terça-feira, 16 de abril de 2013

Conhecendo e Aprendendo com a Psicopedagogia


 Apresentação

 O presente Blogger tem por finalidade esclarecer os estudos de Psicopedagogia respondendo à perguntas claras e simples,tais como:  o que é Psicopedagogia,para quê serve,qual sua origem e importãncia etc. 
Será exposto aqui neste espaço virtual diversos foques e destaques,ou seja,um espaço aberto e interativo,com entrevistas,opiniões, exposição de textos,resumos,sugestões bibliográficas como também destacar os grandes e importantes   Pensadores Pioneiros da Educação,que através de suas metodologias nos fizeram aprimorar nossos apontamentos e aplicações. Visar-se-á um olhar,mas não apenas um simples olhar,mas um olhar DIFERENCIADO,sendo assim,um OLHAR PSICOPEDAGÓGICO,baseado em seus princípios norteadores,humanos e eficazes acima de tudo. 

"A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida."
(John Dewey)
  

Organizadores: 
Rafael Abreu 

Licenciado em Geografia,letras e Pedagogia-Faculdades Integradas Simonsen (Rio de Janeiro)
Pós-Graduação: Psicopedagogia: Clínico e Institucional-Faculdades Integradas Simonsen 

Jussara Telles 
Licenciada em Matememática-Uniabeu Centro Universitário(Rio de janeiro) 
Pós-Graguação: Psicopedagogia Clínico e Institucional-Faculdades Integradas Simonsen 



PSICOPEDAGOGIA 

Psicopedagogia é o campo do saber que se constrói a partir de dois saberes e práticas: a pedagogia e a psicologia. O campo dessa mediação recebe também influências da psicanálise, da lingüística, da semiótica, da neuropsicologia, da psicofisiologia, da filosofia humanista-existencial e da medicina.
A psicopedagogia está intimamente ligada à psicologia educacional, da qual uma parte aplicada à prática. Ela diferencia-se da psicologia escolar, também esta uma subdisciplina da psicologia educacional, sob três aspectos:
  • Quanto à origem - a psicologia escolar surgiu para compreender as causas do fracasso de certas crianças no sistema escolar enquanto a psicopedagogia surgiu para o tratamento de determinadas dificuldades de aprendizagem específicas;
  • quanto à formação - a psicologia escolar é uma especialização na área de psicologia, enquanto a psicopedagogia é aberta a profissionais de diferentes áreas e
  • quanto à atuação - a psicologia escolar é uma área propriamente psicológica enquanto a psicopedagogia é uma área plenamente interdisciplinar, tanto psicológica como pedagógica.  
A Psicopedagogia é uma ciência que estuda o processo de aprendizagem humana, sendo o seu objeto de estudo o ser em processo de construção do conhecimento.

Surgiu no Brasil devido ao grande número de crianças com fracasso escolar e de a psicologia e a pedagogia, isoladamente, não darem conta de resolver tais fracassos. O Psicopedagogo, por sua vez, tem a função de observar e avaliar qual a verdadeira necessidade da escola e atender aos seus anseios, bem como verificar, junto ao Projeto Político-Pedagógico, como a escola conduz o processo ensino-aprendizagem, como garante o sucesso de seus alunos e como a família exerce o seu papel de parceira nesse processo.

Considerando a escola responsável por grande parte da formação do ser humano, o trabalho do Psicopedagogo na instituição escolar tem um caráter preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para solução dos problemas. Com esta finalidade e em decorrência do grande número de crianças com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios que englobam a família e a escola, a intervenção psicopedagógica ganha, atualmente, espaço nas instituições de ensino.
 
A Atuação  do Psicopedagogo
 
O psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, de forma preventiva e terapêutica, para compreender os processos de desenvolvimento e das aprendizagens humanas, recorrendo a várias estratégias objetivando se ocupar dos problemas que podem surgir.

Numa linha preventiva, o psicopedagogo pode desempenhar uma prática docente, envolvendo a preparação de profissionais da educação, ou atuar dentro da própria escola. Na sua função preventiva, cabe ao psicopedagogo detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; participar da dinâmica das relações da comunidade educativa a fim de favorecer o processo de integração e troca; promover orientações metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos; realizar processo de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo.

Numa linha terapêutica, o psicopedagogo trata das dificuldades de aprendizagem, diagnosticando, desenvolvendo técnicas remediativas, orientando pais e professores, estabelecendo contato com outros profissionais das áreas psicológica, psicomotora. fonoaudiológica e educacional, pois tais dificuldades são multifatoriais em sua origem e, muitas vezes, no seu tratamento. Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo, indo além da simples junção dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia.


O psicopedagogo pode atuar tanto na Saúde como na Educação, já que o seu saber visa compreender as variadas dimensões da aprendizagem humana. Da mesma forma, pode trabalhar com crianças hospitalizadas e seu processo de aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituição hospitalar, tais como psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e médicos.

No campo empresarial, o psicopedagogo pode contribuir com as relações, ou seja, com a melhoria da qualidade das relações inter e intrapessoais dos indivíduos que trabalham na empresa.


 O Psicopedagogo na Instituiçao Escolar

Diante do baixo desempenho acadêmico, as escolas estão cada vez mais preocupadas com os alunos que têm dificuldades de aprendizagem, não sabem mais o que fazer com as crianças que não aprendem de acordo com o processo considerado normal e não possuem uma política de intervenção capaz de contribuir para a superação dos problemas de aprendizagem.

Neste contexto, o psicopedagogo institucional, como um profissional qualificado, está apto a trabalhar na área da educação, dando assistência aos professores e a outros profissionais da instituição escolar para melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para prevenção dos problemas de aprendizagem.


Por meio de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita uma intervenção psicopedagógica visando à solução de problemas de aprendizagem em espaços institucionais. Juntamente com toda a equipe escolar, está mobilizado na construção de um espaço adequado às condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos. Elege a metodologia e/ou a forma de intervenção com o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal processo.

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição escolar relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e profissional implicam a configuração de uma identidade própria e singular que seja capaz de reunir qualidades, habilidades e competências de atuação na instituição escolar.

A psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Acreditamos que, se existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades, o número de crianças com problemas seria bem menor.Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de aprendizagem, buscando conhecê-lo em seus potenciais construtivos e em suas dificuldades, encaminhando-o, por meio de um relatório, quando necessário, para outros profissionais - psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista, etc. que realizam diagnóstico especializado e exames complementares com o intuito de favorecer o desenvolvimento da potencialização humana no processo de aquisição do saber.