quarta-feira, 17 de abril de 2013

Inteligência Aprisionada-Um breve resumo

Um breve Resumo
 
Inteligência Aprisionada

Desenvolvimento da abordagem clinica da criança e sua família que permeiam o processo dos problemas de aprendizagem. A estrutura de toda instituição, tem como função a conservação de uma experiência recebida como um olhar clínico sobre a aprendizagem e suas fraturas principalmente na abordagem e na conceitualização de sua aprendizagem e sua ruptura.
Essa abordagem trata-se de de recuperar as vantagens que este âmbito no qual a criança vive apesar de suas carências e assim inversamente ver o que podemos inclui no processo de ensino-aprendizagem, muitas crianças mostram a sua criatividade encapsulada.
O não aprender as vezes tem uma função positiva, da-lhe certo prazer, permite barganhar em algumas situações, não se pode interpretar um problema de aprendizagem sem saber aonde ele esta preso, no simbólico, para tal é necessário observar o funcionamento cognitivo.
Devemos saber enxergar as dificuldades trazidas pelas crianças, e da mesma forma ajudá-la a superá-la.
Um diagnóstico precoce tem eficácia para o paciente. A função da educação pode ser alienante ou libertadora, depende de como for usada.
O sintoma problema da aprendizagem é a inteligente aprisionada construindo de forma constante seu aprisionamento. não é característica da inibição a alteração no pensar, mas evitar o pensar.
os sistemas familiares estruturados e estruturantes de indiferença são um terreno fértil para a gestação de sintomas na aprendizagem. reconhecendo a importância desses aspetos é necessário ajudar as crianças a se libertarem para a aprendizagem. identificar sempre as dificuldades apresentadas pelas crianças, no processo ensino aprendizagem.
Alicia Fernàndez em "A inteligência aprisionada" nos traz a percepção para além da via, da estrada, aguçando nosso olhar para uma concepção de processo da aprendizagem em que
o ensinante** - portador do conhecimento - estabelece uma relação entre este e o aprendente*** - sujeito pensante e portador de sua inteligência - através de seus vínculos firmados.
Esta relação é permeada por alguns fatores que, quando postos em jogo, proporcionam o aprendizado. São eles: "seu organismo individual herdado, seu corpo construído especularmente, sua inteligência auto-construída interacionalmente e a arquitetura do desejo, desejo que é sempre desejo do desejo de Outro".
Para se compreender a questão ‘como é que se aprende’, é necessário ter em mente que a presença do ensinante** e do aprendente*** é fundamental, e o vínculo que se estabelece entre ambos é essencial.
Segundo Sara Paín, psicopedagoga argentina que muito influenciou Alicia Fernàndez: “A aprendizagem é um processo que permite a transmissão do conhecimento de um outro que sabe a um sujeito que vai chegar a ser sujeito, exatamente através da aprendizagem”.
O ensinante** pode transformar o ensinar em conhecimento, através de quatro instâncias de elaboração (orgânica, corporal, intelectual e desejante) e somente ao integrar-se ao saber, o conhecimento é aprendido e pode ser utilizado.
O sujeito da aprendizagem possui um saber que o sustenta.
Um saber que é produto de sua busca pelo conhecimento, pelo aprender.
O processo da aprendizagem acontecerá mediante a articulação de quatro instâncias: desejo, inteligência, organismo e corpo. Estas quatro instâncias constituem o sujeito aprendente***, que por sua vez se constroem ou se instalam através de uma inter-relação constante e permanente com o meio familiar e social.
Enfim, Alicia Fernàndez nos trouxe uma dimensão humana para a concepção de sujeito da aprendizagem em que o cuidado ao tratar de tal questão se torna evidente até na escolha dos termos que caracterizam os sujeitos envolvidos neste processo, nos demonstrando que são muito mais que professor-aluno, pai-filho, irmã-irmão, ..., e, são, sim, ensinante** e aprendente***
Novamente enfatizamos que a aprendizagem é um processo em que intervêm a inteligência, o corpo, o desejo, o organismo, articulados a um determinado equilíbrio, mas a estrutura intelectual necessita também de um equilíbrio para estruturar a realidade e sistematizá-la. Isso acontece através de dois movimentos que Piaget definiu como: assimilação e acomodação.
Assimilação é o movimento do processo de adaptação pelo qual os elementos do ambiente alteram-se para ser incorporados à estrutura do organismo.
Acomodação é o movimento do processo de adaptação pelo qual o organismo altera-se, de acordo com as características do objeto com o qual se relaciona.
Para Alicia Fernàndez estes movimentos de adaptação proporcionam a arquitetura para a atribuição simbólica de significações pessoais aos processos de aprendizagem individuais.
O organismo se sustenta e cresce por meio das relações que faz com o ambiente no qual está inserido. A partir dessas relações ele consegue se adaptar (utilizando-se dos movimentos acima mencionados). Para que ocorra uma adaptação inteligente é necessário que a acomodação e a assimilação se encontrem em equilíbrio sem que uma predomine excessivamente sobre a outra.
Sara Paín observa a constituição de diferentes modalidades nos processos representativos que interferem na formação deste equilíbrio. Podem ser descritos como: hipoassimilação/hiperacomodação, hipoacomodação/hiperassimilaçãoA presença dessas modalidades interfere nas respostas produzidas pelo organismo em sua relação com o meio e conseqüentemente interfere no processo da aprendizagem.
Uma aprendizagem normal supõe uma modalidade de aprendizagem na qual se produza um equilíbrio entre os movimentos assimilativos e acomodativos.
Aprender é apropriar-se, apropriação que se dá a partir de uma elaboração objetivante e subjetivante.
A elaboração objetivante permite apropriar-se do objeto ordenando-o e classificando-o. A elaboração subjetivante tratará de reconhecer e de apropriar-se desse objeto a partir das experiências que o sujeito tem sobre este objeto. Esta dinâmica acontece a partir da articulação das quatro instâncias que constituem o sujeito (desejo, inteligência, organismo e corpo) e do vínculo que este sujeito estabelece com o outro (ensinante** e aprendente***).
Vale a pena ressaltar a frase inserida no livro “O saber em jogo”, de Alicia Fernàndez: “Aprender é quase tão lindo quanto brincar”.
O aprender acontece de forma gradativa, vai construindo o seu saber, investigando, brincando e criando. Tendo ao seu lado um ensinante** pronto a colaborar, atento as suas necessidades e expectativas. Alguém que valoriza suas experiências e descobertas e que lhe
dá a liberdade para ser, criar e conquistar.

Problema de Aprendizagem

Problemas de aprendizagem se apresentam na ordem de causas externas à estrutura familiar e individual do que fracassa em aprender ou na ordem de causas internas à estrutura familiar e individual.
É chamado de problema de aprendizagem reativo ao problema de causas externas à estrutura familiar, que não chegam a aprisionar a inteligência e, para serem trabalhadas na prática, deveríamos ter professores ensinando com prazer e proporcionando prazer para seu aluno ao aprender. Isto seria possível, inicialmente, com criação de planos de prevenção nas escolas visando não só este objetivo, mas também o desenvolvimento do psicopedagogo/educador, quando o fracasso escolar está posto, deve ter a postura de indicar caminhos e meios de ação que favoreçam a não constituição de um sintoma neurótico em relação ao fracasso do ensinante** que encontra empatia no sujeito e sua família.
A postura do psicopedagogo/educador frente ao fracasso escolar que provém de causas internas à estrutura individual e familiar do sujeito e que se expõe através de sintoma ou inibição terá de ser especializada, voltada para o sujeito, mãe, com meios de atuação e atividades específicos. Já que este problema de aprendizagem afeta a dinâmica individual, interferindo na articulação entre as instâncias da inteligência, do desejo, do organismo e do corpo, levando ao aprisionamento da inteligência e da corporeidade. É aí que a atuação do psicopedagogo/educador deve se centrar, buscando a transformação.

O sintoma-problema da aprendizagem é o que impõe o aprisionamento do aprender através de desejos inconscientes. Há a possibilidade, mas não há o desejo. Quando falamos de problema de aprendizagem reativo, vemos que pode haver o desejo, mas não oportunidade.
Esta questão de problema de aprendizagem está intimamente relacionada às questões sociais e requerem do psicopedagogo/educador novas posturas frente a tais questões e também iniciativas de prevenção.

A compreensão da dimensão social do problema de aprendizagem nos ajuda a diferenciar seu caráter sintomático/inibidor como o que o sistema sócio-educativo proporciona (tirando as possibilidades de aprender).

Não há regras a respeito deste tema. Pode-se ter evidências de problema de aprendizagem em instituições consideradas excelentes e não se demonstrar casos em ambientes sem estímulos ou ínfimos em relação ao seu sistema educativo.

Existem três formas possíveis de manifestação individual do problema de aprendizagem:

A primeira é o problema de aprendizagem-sintoma o sintoma é o mostrar-se inconscientemente e, para o seu entendimento é necessário o estudo acerca da história do sujeito, que nos dará aquilo que faz a “amarra simbólica”. Assim, possibilitará a eliminação do sintoma, também compreendido como um “disfarce de si mesmo”, que aprisiona a inteligência, a capacidade de aprender, propriamente dita.

Esta é a particularidade do sintoma na aprendizagem: aprisionar a inteligência que não é parte do corpo e sim parte do inconsciente e a aprendizagem é função em que participam as estruturas inteligentes e desejantes, inconscientes.
Podemos e devemos apontar os caminhos para que “solte-se” a inteligência aprisionada, mas temos que saber que o próprio sujeito, e só ele, dará o primeiro passo em busca da sua “liberdade”.

O segundo problema de aprendizagem está centrado na exibição cognitiva menos comum que os sintomas, requer um “aparato psíquico mais evoluído”. Caracterizando-se pela evitação ao contato com o objeto do pensamento. Não se altera o pensar, mas sim, evita-se pensar, assim como se evita o aprender. O psicopedagogo/educador encontrará mais dificuldade para lidar com a inibição cognitiva do que com o sintoma, e sua abordagem deverá ser diferente.

Na inibição, a modalidade de aprendizagem apresenta-se como hipoassimilação/hipoacomodação enquanto que no sintoma a modalidade de aprendizagem refere-se ao conflito e desequilíbrio, mostrando-se como hiperassimilação/hiperacomodação ou vice-versa. 

O terceiro problema de aprendizagem chamamos de fracasso escolar por problema de aprendizagem reativo determinado por fatores externos ao sujeito, demonstra-se na instituição sócio-educativa, que expulsa o aprendente* e promove o repetente exitoso, que se acomoda ao sistema, reproduz, não exerce a autoria, porém vence através da repetição do que outros querem, e o fracassante, que não tem o seu saber reconhecido, que o fracasso é um problema é um problema reativo a um sistema que não os aceita e é obrigado a acumular conhecimentos.

Vemos aí uma teia de significações em que o psicopedagogo/educador deve se posicionar a fim de que o aprendente*** possa transformar e libertar sua inteligência até então aprisionada.


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